Meio de Agosto no Mirante da Montanha de Sourdough
Sobre o vale uma névoa esfumada Três dias de calor, depois cinco dias de chuva Brilho escuro nos cones de pinheiros Através de rochas e prados Enxames de novos mosquitos.
Não posso lembrar de coisas que já li Alguns amigos, mas estão em cidades. Bebendo água de neve gelada de uma lata Olhando abaixo através de milhas Através do ar calmo nas alturas.
Diversas vezes pensei em explicitar termos do poema como “pitch glows”, “fir-cones” e “snow-water”, considerando o fato de que são aspectos característicos do ambiente das montanhas do norte, aspectos esses que talvez não sejam conhecidos pelo leitor. Se tivesse feito essa explicitação, estaria colocando em prática a tendência da clarificação e talvez também a tendência do alongamento, pois o texto ficaria mais longo. Em relação aos termos citados acima, ocorreu a tendência do empobrecimento qualitativo na minha tradução, pois “brilho escuro”, “cones de pinheiros” e “água de neve” não possuem a riqueza sonora e icónica dos termos em inglês.
Esse poema apresenta diversas enumerações de “imagens” que se manifestam no poema quase como fotografias, talvez uma influência do estilo pictórico da poesia japonesa na atividade poética de Gary Snyder. Essa impressão de que o poema é construído a partir de imagens é sustentado pelo fato de que alguns versos não apresentam verbos, como em “across rocks and meadows” e “through high still air”. O uso de preposições, conjuções e artigos também é moderado, como em “three days heat, after five days rain”. Procurei respeitar essas características do poema na tradução, mas em alguns momentos realizei a tendência de racionalização, modificando a estrutura do poema, como em “três dias de calor, depois cinco dias de chuva”.
No vale em baixo uma névoa de fumo Três dias de calor, após cinco dias de chuva Resina brilha nas pinhas de abeto Por prados e rochedos Enxames de moscas novas.
Não recordo coisas que uma vez li Alguns amigos, mas estão em cidades Bebendo água da neve gelada por uma caneca Olhando os quilómetros em baixo Por entre o ar calmo e puro.
Meados de Agosto na Vigia da Montanha de Sourdough
Na descida do vale uma neblina Quente há três dias, depois de cinco dias de chuva Resina brilha nas pinhas de abeto Pelos rochedos e prados Enxames de novos mosquitos.
Não me lembro de coisas que já li Alguns amigos, mas estão nas cidades. Bebendo água fria como a neve de uma caneca de lata Olhando milhas abaixo Através do alto e parado ar.
Uma das primeiras questões em que pensei, principalmente por se tratar de um caso prático, foi sobre a tradução de "miles". Embora "quilómetros" seja o mais comum em português, e, sem dúvida, caso se tratasse de um texto técnico seria a expressão mais correcta, nesta situação não creio que o seja. Para além do etnocentrismo que Berman refere, caso traduzisse para "quilómetros" em vez de "milhas", estaria a apagar a letra do autor - a sua origem americana (mesmo que a localidade que intitula o poema acabe por indicá-la), que é das poucas que contabiliza a distância em milhas. Tenho dúvidas em relação â tradução de “smoke haze” por “neblina” ou “névoa de fumo”. Para um português, “neblina” pressupõe essa ideia de um névoa densa. No entanto, é possível que apague a imagem do fumo. Creio que, nesta situação, haja alguma destruição da relação entre palavras.
Aos meiado do mês Agosto na guarda da montanha de sourdought
No vale a baixo um nevoeiro de fumo Três dias de calor, após cinco dias de chuva campo brilha nas pinhas de abeto Entre rochas e prados Enxames de moscas novas Não me lembro de coisas que uma vez li Alguns amigos, mas eles estão nas cidades. Bebendo água fresca da neve numa caneca de metal Olhando milhas em baixo Através do ar ainda alto.
No vale em baixo, uma névoa de fumo Cinco dias de chuva, quente há três dias Brilha a resina nas pinhas Entre rochas e prados Enxames de moscas novas.
Não consigo recordar coisas que uma vez li Alguns amigos, mas eles estão nas cidades. Beber água da neve fria de um copo de lata Olhando a distância em redor Através do ar dormente
Meados de Agosto na vigia da montanha de Sourdough
No vale em baixo uma neblina de fumo Três dias de temperatura alta, após de cinco dias de chuva O brilho sombrio nas pinhas de abeto Entre rochas e prados Enxames de moscas novas
Não me lembro de coisas que uma vez li Alguns amigos, mas estão nas cidades Bebendo água fresca num copo de lata Observando os quilómetros a baixo Através do ar tranquilo das alturas
Meados de Agosto no Alto da Montanha Sourdough, Gary Snyder
A neblina desce pelo vale Três dias de calor, depois de três dias de chuva O brilho da resina nos pinheiros Enquanto novos enxames de moscas Sobrevoam montanhas e pastos
Não me lembro de coisas que já li Alguns amigos, mas estão nas cidades. Bebendo água gelada da neve num copo de alumínio Observando os quilómetros percorridos Através do ar parado e suspenso.
Meio de Agosto no
ResponderEliminarMirante da Montanha de Sourdough
Sobre o vale uma névoa esfumada
Três dias de calor, depois cinco dias de chuva
Brilho escuro nos cones de pinheiros
Através de rochas e prados
Enxames de novos mosquitos.
Não posso lembrar de coisas que já li
Alguns amigos, mas estão em cidades.
Bebendo água de neve gelada de uma lata
Olhando abaixo através de milhas
Através do ar calmo nas alturas.
Diversas vezes pensei em explicitar termos do poema como “pitch glows”, “fir-cones” e “snow-water”, considerando o fato de que são aspectos característicos do ambiente das montanhas do norte, aspectos esses que talvez não sejam conhecidos pelo leitor. Se tivesse feito essa explicitação, estaria colocando em prática a tendência da clarificação e talvez também a tendência do alongamento, pois o texto ficaria mais longo. Em relação aos termos citados acima, ocorreu a tendência do empobrecimento qualitativo na minha tradução, pois “brilho escuro”, “cones de pinheiros” e “água de neve” não possuem a riqueza sonora e icónica dos termos em inglês.
Esse poema apresenta diversas enumerações de “imagens” que se manifestam no poema quase como fotografias, talvez uma influência do estilo pictórico da poesia japonesa na atividade poética de Gary Snyder. Essa impressão de que o poema é construído a partir de imagens é sustentado pelo fato de que alguns versos não apresentam verbos, como em “across rocks and meadows” e “through high still air”. O uso de preposições, conjuções e artigos também é moderado, como em “three days heat, after five days rain”. Procurei respeitar essas características do poema na tradução, mas em alguns momentos realizei a tendência de racionalização, modificando a estrutura do poema, como em “três dias de calor, depois cinco dias de chuva”.
Meados de Agosto na vigia de Sourdough Mountain
ResponderEliminarNo vale em baixo uma névoa de fumo
Três dias de calor, após cinco dias de chuva
Resina brilha nas pinhas de abeto
Por prados e rochedos
Enxames de moscas novas.
Não recordo coisas que uma vez li
Alguns amigos, mas estão em cidades
Bebendo água da neve gelada por uma caneca
Olhando os quilómetros em baixo
Por entre o ar calmo e puro.
Beatriz
Meados de Agosto na Vigia da Montanha de Sourdough
ResponderEliminarNa descida do vale uma neblina
Quente há três dias, depois de cinco dias de chuva
Resina brilha nas pinhas de abeto
Pelos rochedos e prados
Enxames de novos mosquitos.
Não me lembro de coisas que já li
Alguns amigos, mas estão nas cidades.
Bebendo água fria como a neve de uma caneca de lata
Olhando milhas abaixo
Através do alto e parado ar.
Uma das primeiras questões em que pensei, principalmente por se tratar de um caso prático, foi sobre a tradução de "miles". Embora "quilómetros" seja o mais comum em português, e, sem dúvida, caso se tratasse de um texto técnico seria a expressão mais correcta, nesta situação não creio que o seja. Para além do etnocentrismo que Berman refere, caso traduzisse para "quilómetros" em vez de "milhas", estaria a apagar a letra do autor - a sua origem americana (mesmo que a localidade que intitula o poema acabe por indicá-la), que é das poucas que contabiliza a distância em milhas. Tenho dúvidas em relação â tradução de “smoke haze” por “neblina” ou “névoa de fumo”. Para um português, “neblina” pressupõe essa ideia de um névoa densa. No entanto, é possível que apague a imagem do fumo. Creio que, nesta situação, haja alguma destruição da relação entre palavras.
Pernas Cruzad's
ResponderEliminarDe pernas cruzad’s sob o baixo tecto da tenda,
luz fraca, jantar feito,
bebendo chá. Vivemos
no velho e seco oeste
camisolas subidas pele nua
finos tocam lábios—
velhos toques.
Amor feito, poemas, feitos,
sempre nova, mesma coisa
vida após vida,
como se Milarepa
quatro vezes construísse uma torre de pedra
como se cada vez fosse a primeira.
O nosso amor está misturado com
pedras e riachos,
um bater do coração, um suspiro, um olhar
dá lufar no turbilhão atordoado.
Viver desta velha clara forma
—um cintilar de cinzas e brasas.
Brisa áspera na tenda voa
um gole chá, palpite nos ossos,
nós dois aqui o que vier.
Ana Margarida Laranjeira
Aos meiado do mês Agosto na guarda da montanha de sourdought
ResponderEliminarNo vale a baixo um nevoeiro de fumo
Três dias de calor, após cinco dias de chuva
campo brilha nas pinhas de abeto
Entre rochas e prados
Enxames de moscas novas
Não me lembro de coisas que uma vez li
Alguns amigos, mas eles estão nas cidades.
Bebendo água fresca da neve numa caneca de metal
Olhando milhas em baixo
Através do ar ainda alto.
Meados de Agosto na Vigia da Montanha Sourdough
ResponderEliminarNo vale em baixo, uma névoa de fumo
Cinco dias de chuva, quente há três dias
Brilha a resina nas pinhas
Entre rochas e prados
Enxames de moscas novas.
Não consigo recordar coisas que uma vez li
Alguns amigos, mas eles estão nas cidades.
Beber água da neve fria de um copo de lata
Olhando a distância em redor
Através do ar dormente
Meados de Agosto na vigia da montanha de Sourdough
ResponderEliminarNo vale em baixo uma neblina de fumo
Três dias de temperatura alta, após de cinco dias de chuva
O brilho sombrio nas pinhas de abeto
Entre rochas e prados
Enxames de moscas novas
Não me lembro de coisas que uma vez li
Alguns amigos, mas estão nas cidades
Bebendo água fresca num copo de lata
Observando os quilómetros a baixo
Através do ar tranquilo das alturas
Meados de Agosto no Alto da Montanha Sourdough, Gary Snyder
ResponderEliminarA neblina desce pelo vale
Três dias de calor, depois de três dias de chuva
O brilho da resina nos pinheiros
Enquanto novos enxames de moscas
Sobrevoam montanhas e pastos
Não me lembro de coisas que já li
Alguns amigos, mas estão nas cidades.
Bebendo água gelada da neve num copo de alumínio
Observando os quilómetros percorridos
Através do ar parado e suspenso.