O Búfalo
O preto nos brazões significa
prudência, a negritude o
aziago. Terá
a hematite-
-preta dos chifres recurvos do bisonte
algum significado? A
cauda em tufo de escura
fuligem
numa espécie de rabo
leonino: que pode exprimir?
E o Ajax de John Stewart
Curry a puxar
ervas – sem argola
no focinho – os dois passarinhos no lombo?
* * *
A moderna
rês não condiz com o retrato
da rês
de Augsburgo. Sim,
a besta extinta, o bravo auroco, era grande
de se pintar, com listras
e uma ampla armação de cornos
– então rebaixado
à forma siamesa
de gato ou boi pardo-
suíço ou senão zebu, de fofa
e alva papada e bossa de sangue
quente; ao boi
Hereford encarnado ou ao Holstein variegado. Porém,
segundo alguns o búfalo de pêlo ralo é
o mais talhado
para padrões humanos –
ao contrário do elefante,
que é jóia e ourives das
crinas
que enverga –
não o boi de focinho branco de Vermont arcando
com sua parelha a seiva de ácer,
ambos atolados na
neve; sequer o aberrante
Boi de Atropelo que desenhou
Rowlandson, mas o búfalo das
Índias,
albino
nas patas sobre um charco de lama com um
dia de labuta à frente. Tão-pouco
um branco ateu cristão tres-
malhado pelo Buda
se adapta tão bem como o
búfalo – mais endriabado
quanto domar
o queiram – o livre cachaço
esticado e a cauda de cobra num laço
sobre o flanco; sem gana
alguma de ser manso
com o sábio sentado com os pés
do mesmo lado, a querer
desmontar no santuário; nem
mesmo haverá
quaisquer presas
de marfim como esses dois chifres que valentes
se baixam quando tosse um tigre
e transformam o pelo
num inútil despojo.
O búfalo das Índias,
levado pelos pastores
pequenos de pernas nuas
ao curral de palha onde
o guardam, não tem comparação a temer
com o bisonte, com a parelha,
nem com nenhum parente
da genealogia do gado.
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