quinta-feira, 16 de março de 2017

Homework for March 30 (I), text analysis for April 6

1. Comment on the blog: we shall discuss your comments / draft analysis on the 30th March

2. Write up your final text analysis by April 6 (no more than two pages, font size 12, 1,5 spaces)

3. Here is your text: the version of 1935 of the poem "Poetry" by Marianne Moore: https://studio.edx.org/asset-v1:HarvardX+AmPoX.6+2T2016+type@asset+block/Moore-Poetry.pdf

14 comentários:

  1. • Marianne Moore: modernista; Procura demonstrar a verdade, muitas vezes escreve algo que se encontra em “business documents” e “school books”;
    • A primeira versão do poema foi publicada em 1919 (versão do poema em análise é de 1935);
    • Ao traduzir ter em conta: o estilo (formato do poema, ausência de rimas, discurso informal); a pessoa gramatical – Primeira estrofe: “I”, “it”; — Segunda estrofe: “they” “us” “we”; — Terceira estrofe: “is” “it”; —Quarta estrofe: “us” — Quinta estrofe: “we” “you”;
    • O poema fala de poesia, o que é, quais os temas que devem ser abordados e a relação perante a poesia tanto para o poeta como o leitor;
    • Marianna Moore afirma no primeiro verso que não gosta de poesia (contradição?/Ironia);
    • Mais tarde ela afirma o que admira e não admira (poetas que falam de assuntos estereotipados, como a natureza) na poesia
    • Poesia tem que ser genuína. Por isso as ideias e emoções têm que ser alcançáveis, especialmente em termos de compreensão, pelo leitor. O que não é compreendido, não pode ser admirado;
    • Ao traduzir ter em consideração as imagens transmitidas no poema (imaginismo); Relativamente à presença das aspas, perceber se é só uma questão de realce;

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  2. O poema «Poetry» foi publicado em 1935, juntamente com outros poemas de Marianne Moore na sua obra Selected Poems. Durante cinco décadas Marianne Moore fez várias versões deste poema. A versão de 1967, incluída na obra Complete Poems, é uma das mais conhecidas e lamentada pelos admiradores de poesia e de Marianne Moore, uma vez que todo o poema ficou reduzido (ou representado) em apenas quatro versos:
    I, too, dislike it.
    Reading it, however, with a perfect contempt for it, one
    discovers in
    it, after all, a place for the genuine.
    O tema de «Poetry» é precisamente a poesia. A autora inicia o poema revelando o seu desagrado pelo tema, e incluindo o leitor nesta posição («I, too, dislike it»). Argumenta que há coisas mais importantes. Com a palavra «fiddle» representa o que é inútil e desnecessário, ou falsificado e que não é genuíno. No entanto, há uma alteração repentina logo a partir do terceiro verso, onde se inicia a distinção e defesa da boa poesia baseada no argumento da sua utilidade.
    A poesia atrai-nos precisamente quando começamos a lê-la de forma desinteressada (uma interpretação benevolente) ou numa atitude de desprezo (uma interpretação mais literal «with perfect contempt»). A poesia acaba por produzir os seus efeitos no reino das ideias e sentimentos. Nas sensações que inspira, nas percepções que ajuda a criar ou alterar. A sua importância baseia-se nos efeitos concretos que produz.
    Existe porém a poesia que, por não ser genuína, perde a clareza e a capacidade de nos agradar, por se tornar incompreensível.
    Para a autora é fundamental que a poesia conte, por um lado, com uma forte componente de imaginação e, por outro, com a presença do que é genuíno e real. Um entusiasta pela poesia deve exigir estes dois ingredientes.
    A estrutura dos poemas de Marianne Moore baseia-se num padrão criado por ela própria, onde os versos têm um determinado número de sílabas e as mudanças de linha dão uma aparente desordem ao texto.

    Utilização de metáforas
    «Hands that can grasp, eyes that can dilate,…» a utilidade das características físicas é comparada aos efeitos que a poesia produz no indivíduo, ao induzir sensações, novas ideias e percepções.
    «the bat holding on upside down or in quest of something to eat,…» a nossa estranheza e incompreensão relativamente ao comportamento animal é comparado à nossa falta de entendimento em relação à poesia que não é honesta nem genuína.

    Utilização de citações
    «business documents and school books» - Citando Leo Tolstoy quando tentava distinguir poesia de prosa, e dizia que pelo menos todos concordam que «business documents and school books» não são poesia.
    «literalists of the imagination» - O texto é de William Butler Yeats e refere-se a William Blake, um poeta que descrevia as experiência que vivia na sua imaginação como episódios reais e incluía-os nos seus poemas.
    «imaginary gardens with real toads in them» - Um texto atribuído à própria autora. Uma frase concisa que consegue transmitir a ideia de uma combinação perfeita entre o imaginário e o mundo real.

    Dificuldades de tradução
    A divisão dos versos pode levantar problemas de tradução uma vez que o sentido ou a ideia do verso está em mais do que uma linha, e em português a construção das frases não segue a mesma ordem do que a língua inglesa. Poderá ser difícil conseguir manter o mesmo tamanho em cada linha, e isso é importante neste poema, bem como noutros poemas de Marianne Moore.
    Algumas palavras e expressões que podem levantar mais dificuldade na escolha da melhor correspondência em português são «fiddle», «half poets» e «literalists of the imagination».

    Em conclusão, a ideia chave de «Poetry» é de que a poesia genuína (que trabalha com a imaginação mas que permanece ligada à realidade) é útil no sentido em que transforma a nossa percepção e ideias.

    Helder Ferreira

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  3. O poema «Poetry», de Marianne Moore, foi revisto e publicado nas suas diferentes versões entre 1919 e 1981. A edição de 1981, publicação póstuma, foi a última a ser revista pela autora, que introduziu uma única variante à edição de Complete Poems de 1967. Os trinta e oito (ou nove) versos da versão agora em análise foram então reduzidos a apenas três.
    Neste poema, Moore versa sobre poesia e o que a define, sobre a matéria do poema (opondo «genuine» a «raw material»), sobre o poeta (opondo «half-poets» a «literalists of imagination») e o seu ideal («imaginary gardens with real toads in them»). Logo no primeiro verso o sujeito poético começa por dizer, poeticamente, que não também ele não gosta de poesia. O poema começa assim por uma afirmação que pode ser considerada irónica, que surge em resposta a um interlocutor, criando assim a ideia de diálogo. Nestes primeiros versos, o sujeito poético insurge-se contra a actividade poética, ou um certo tipo de poesia, «all this fiddle», pois consegue apesar de tudo encontrar nesta arte «a place for the genuine». Enumera, em seguida, uma sucessão de imagens de reações humanas, que podem ser consideradas exemplos do genuíno, que são importantes na medida em que são úteis, independentemente de qualquer «high sounding interpretation». Aquilo que se torna tão «derivative», que se torna ininteligível, não pode ser admirado, pois não admiramos o que não percebemos. Mas os comportamentos meramente instintivos elencados na terceira estrofe, que também não compreendemos, não podem bastar à arte. O genuíno pode também ser encontrado em «business documents and school-books» e a poesia acontecerá quando os poetas se tornarem «literalists of the imagination» e conseguirem criar «imaginaray gardens with real toads in them».
    O poema está estruturado em cinco estrofes, que se entrelaçam por meio de enjambement. O verso é livre, e a rima não obedece a nenhum esquema determinado. Encontramos pelo menos uma rima interna, em «tree» / «flea», mas a característica sonora que mais está presente é a repetição de sons vocálicos e consonânticos. Em «a wild horse taking a roll, a tireless/ wolf under/ a tree (…) like a horse that feels a flea», Moore recorre à assonância e à aliteração. Tanto a rima como as figuras de estilo são potenciais problemas tradutivos. Mas a tradução de «Poetry» levanta outros problemas. Desde logo, a tradução de «it», que tem por referente omisso (ou presente no título) «a poesia», se revela difícil. A repetição deste pronome nos primeiros versos confere um ritmo que a tradução portuguesa dificilmente poderá manter. Da mesma forma, a oscilação do sujeito na primeira estrofe, «I»/ «one» exigirá do tradutor uma solução criativa que permita manter o efeito de distanciação conseguido no original. Por outro lado, o uso de aspas, que desde logo se destaca visualmente, alerta o tradutor para uma possível referência extratextual. Será esse o caso de «business documents and school-books» e «literalists of the imagination», como justificado pela própria autora nas notas à nota, para onde foi relegada a versão longa do poema, na edição de 1967. O mesmo poderá não ser o caso de “imaginary gardens with real toads in them”. A acrescer a isto, há as alusões presentes ao longo de todo o poema que devem ser conhecidas do tradutor. É o caso do diálogo inicial, uma alusão ao livro The Notes of Samuel Buttler.
    Na epígrafe de Complete Poems, de 1967, Moore escrever «Omissions are not accidents» podemos entrever a nova ordem instituída pela autora. A história da constante (re)criação do poema tem sido estudada e tem interesse na medida em que nos pode revelar algo sobre o processo de criação da poetisa, que age sobre os seus poemas enquanto autora, editora e revisora. Por outro lado, conta-nos algo sobre a faceta modernista de Moore. Também Pound e T.S. Eliot se socorreram do artifício das notas. A propósito da revisão de 1967, Bonnie Honigsblum afirma que Moore «reverted to an Imagist technique (…) revealing the image-within-the-image».
    Beatriz C.

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  4. A primeira versão deste poema de Marianne Moore,”Poetry”, foi publicada em 1919, sendo a versão em análise de 1935. Juntamente com outros poemas foi publicado na sua obra Selected Poems, nesse mesmo ano.
    O tema dominante de “Poetry” é extamente esse, a poesia. A autora inicia o seu primeiro verso com a afirmação de que também ela não gosta de poesia, incluindo aqui o leitor, e afirma ainda que existem coisas mais importantes. Aqui poderão ser feitas duas interpretações: estará a autora a ser irónica ou pode, de facto, não apreciar certos tipos de poesia? Contundo, no verso imediatamente a seguir, a autora refere que a poesia provoca um misto de reações e sentimentos que considera importantes, “Hands that can grasp, eyes that can dilate, hair that can rise if it must,” e apartir daqui, Marianne Moore argumenta sempre positivamente em relação à poesia.
    Com a contínua leitura do poema percebemos que a leitora vai referindo vários pormenores (curiosamente do reino animal), como “the bat holding upside down”, para justificar o facto de nós não admirarmos e interrogarmos aquilo que não percebemos, referindo-se à poesia.

    Dificuldades de tradução:
    na tradução de “Poetry” podemos encontrar algumas dificuldades, começando pelo facto de existirem rimas que apenas o são pois as palavras têm sons idênticos e pelo facto de a métrica ser diferente de verso para verso; pela constante utilização do “It”, que em português não tem qualquer tradução; o uso alternado de “I” e “one” como sujeitos exigem um trabalho criativo por parte do tradutor, assim como algumas da palavras utilizadas pela autora, como “fiddle”.

    Ana Rita Alves

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  5. O poema «Poetry» foi revisto mais que uma vez por Marianne Moore, sendo que publicou a primeira versão em 1919 e a última foi publicada em 1981, na qual os 38 versos foram reduzidos para apenas 4 versos. Em 1935, publica o poema na antologia Selected Poems, com introdução de T. S. Elliot, na sua versão original. Neste poema, o verso é livre e a rima não obedece a um esquema.
    «Poetry» é conhecido pelo seu primeiro e segundo versos («I, too, dislike it: there are things that are importante beyond / all this fiddle»), no qual Moore afirma não gostar de poesia. No terceiro e quarto versos, diz que consegue lê-los com desprezo («perfect contempt»), mas que ao lê-la (a poesia) "descobrimos um lugar para o genuino" («Reading ot, however, with a perfect contempt for it, one / discovers in / it after all, a place for the genuine»), ou seja, encontramos algo que é verdadeiro e não que é falso ou inútil. Em «Hands that can grasp, eyes / that can dilate, hair that can rise / if it must, these things are important not because a», a autora utiliza partes do corpo (as mãos, os olhos, o cabelo) para descrever esta experiência do que é "genuíno", como se apanhasse um choque eléctrico. Nestes versos existe também um sentido de ironia em «hair that can rise / if it must». Em «(...) One must make / a distinction / however: when dragged into prominence by half poets, the / result is not poetry», Moore afirma que, mesmo que estes «half poets» (os "maus poetas") sejam conhecidos, a escrita deles não é poesia. Em «nor till the poets among us can be / "literalists of / the imagination" - above / insolence and triviality and can present / for inspection, "imaginary gardens with real toads in them" / shall we have / it», a autora cita Yeats em "literalists of the imagination". A imagem que nos é apresentada é a de um "jardim imaginário" que combina a imaginação com o mundo real, em que segundo a autora, para a poesia funcionar não é apenas necessária a imaginação que cria jardins bonitos, mas é também preciso ter conhecimento da dura realidade que neles (nos jardins) consegue adicionar "sapos" («toads»). Nos últimos versos («(...) and / that which is on the other hand / genuine, you are interested in poetry.»), Moore volta a enfatizar que a poesia não precisa apenas da imaginação, mas também do que é verdadeiro; se fizermos isso, estamos interessados em poesia.
    Em relação às dificuldades de tradução, neste poema é visível uma separação entre versos, o que faz com que continuemos a lê-los de verso em verso sem grandes pausas e isto pode ser difícil de manter no Português; pode ser também difícil para o tradutor manter o tamanho de cada verso. Existem também figuras de estilo que podem ser difíceis de traduzir e há que ter em conta que existem, no poema, citações feitas pela autora. É, assim, necessário por parte do tradutor fazer pesquisa para averiguar se já existe ou não tradução para essas citações. Outros problemas podem ser a tradução de "it" ou de palavras como "fiddle"; «imaginary gardens with real toads in them» pode também ser um problema.

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  6. A poesia de Marianne Moore é caracterizada pela sua precisão linguística, por ser extremamente descritiva e pelas observações de pessoas, lugares, animais e arte. Os seus poemas reflectem muitas vezes a sua preocupação com as relações entre o comum e o incomum. Marianne Moore utiliza frequentemente animais como uma imagem central para enfatizar temas de independência, honestidade e a integração da arte com a natureza, como se pôde constatar no poema The Buffalo.
    Já nesta obra intitulada Poetry, o poema é por si uma obra criada sobre a própria poesia. Nota-se uma organização e disposição dos versos ao longo das estrofes fora do comum, o que não deixa de fazer sentido para a autora. Verifica-se o chamado encavalgamento ou enjambement, em que as frases são cortadas, continuando no verso seguinte, técnica de que a autora faz uso possibilitando-lhe o jogo com a fonologia dos significantes entre versos consecutivos.
    É precisamente esta dimensão fonológica da qual a autora faz uso — o que também se verifica noutros poemas — que representa uma das maiores dificuldades para o tradutor. Além do facto de as rimas não terem uma posição constante na frase, existe uma diversidade de consonâncias, assonâncias e demais que têm que ser muito bem pensadas durante o processo de tradução, de forma a recriar uma atmosfera sonora capaz de despertar um efeito semelhante no leitor da língua de chegada.

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  7. Comparando o poema de Moore Poetry com outros poemas escritos na mesma altura por poetas como T.S. Eliot, cujo os quais eram repletos de palavras difíceis, vocabulário estrangeiro e alusões escondidas dentre do texto. Há que agradecer a linguagem simplificada de Moore no seu poema. No entanto este transmite-nos uma sensação de “é só isto?” “Não há mensagens obscuras entre as linhas?” A resposta é não, é um poema sobre poesia como o próprio titulo Poetry indica.
    A Posição do titulo também é incerta, pois ficamos na duvida se é apenas um titulo ou de facto a primeira linha. Pois se olharmos para a forma como o poema começa “I, too, dislike it,…” o pronome “it” só pode referir-se ao titulo Poetry, se não, é apenas um pronome indefinido no poema. Assim, ao sabermos o titulo a primeira linha da primeira estrofe faz sentido, o titulo Poetry não é apenas o nome do poema, mas sim a primeira coisa que lemos sobre ele.
    Enquanto que o poema pode ser lido como se tratasse de uma conversa de café, as palavras escolhidas por Moore possuem uma qualidade rítmica, as quais ajudam a tornar a “conversa” poética. A repetição da palavra “it” (“dislike it”, “reading it”, “contempt for it”, “discovers in it”) cria um efeito staccato, ou seja, um som curto e acentuado, mas num tom agradável. Mas este ritmo não é o convencional sistema métrico da poesia. Se comparamos como soa “Poetry” a um soneto de Shakespeare (Pentâmetro iâmbico), o poema de Moore é um som muito mais orgânico e natural do que os sonetos de Shakespeare (da DUM, da DUM, da DUM, da DUM, da DUM)



    I, too, dislike it: there are things that are important beyond all this fiddle.

    When I do count the clock that tells the time, (Sonnet 12)

    Esta naturalidade dá-se pelo facto de Moore não usar um esquema rítmico, mas sim verso livre. Assim podemos dizer que Poetry resiste a forma como a poesia é tipicamente organizada e estruturada. Mas, ao mesmo tempo verificamos que os versos do poema, são bastante organizados e estruturados, quase que podemos afirmar que foram trabalhados ao ponto de se tornarem livres.
    Por outras palavras, o verso livre de Moore é diferente do Allen Ginsberg. Se olharmos para o poema Howl de Ginsberg é escrito se uma estrutura poética fixa de forma a imitar alguém a discursar sem sessar em fúria. Por outro lado, o poema de Moore mostra-nos como um verso livre e controlado pode ser.
    Sendo este controlo propositado por Moore, pois ao utilizar estas técnicas todas, mas, de forma controlada e bastante trabalhada, consegue nos proporcionar um poema de linguagem simples e de fácil leitura, sendo este a maior critica que Moore pode apresentar aos poetas da mesma época, demonstrando que não é preciso muito para se escrever boa Poesia.

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  8. Marianne Moore é uma das grandes figuras da poesia modernista norte-americana. Nasceu no dia 15 de Novembro 1 887, a sua geração é a mesma que produziu Wallace Stevens, Carlos Willians, Ezra Pound, T.S. Eliot e os outros mais novos da época; Hart Crane e E. E. Cummings. Neste período, havia poucos poetas do sexo feminino, pelo que a fez ser uma das grandes referencias para as futuras poetas que pudessem surgir.
    Moore foi reconhecida pelo seu trabalho, recebeu prémio de Bollingen, o prémio nacional do livro e o prémio Pulitzer. Ela escreveu com a característica de liberdade dos outros poetas modernistas, muitas vezes introduzindo citações de outras fontes no texto, portanto o uso da sua linguagem era sempre extraordinária e precisa, capaz de sugerir uma variedade de ideia e associações dentro de uma única imagem concisa.
    A poeta neste poema, relaciona a poesia e o mundo social, fazendo através do primeiro verso com um estilo irónico «I, too, dislike it: there are things that are important beyond all this fiddle», «reading it, hawever, with a perfect contempt for it, one discovers in» «it after all, a place for the genuine». Segundo a revista Sibila, revista de poesia e crítica literária, também parece um pouco adiante na forma do uso da palavra however “no entanto contudo”, o que confirma a ironia envolvente. Mas para além de ser irónica, a linguagem de Moore é coloquial na sintaxe, o que combina com a ideia de envolver e pactuar com o leitor.
    Dizer também que, “Poetry” foi escrito em versos de forma desestruturadas naquilo que é o mais comum a nível da poesia, porque não tem um esquema de rima regular como se verifica por exemplo, na primeira estrofe «I, too, dislike it…Reading it, however a perfect contempt for it, one discovers in it after all,..», Portanto, Moore, escreve como uma rima emparelhada, mas ela usa a rima com “it” no princípio, no meio e fim da frase.
    A primeira linha do poema tem 5 sílabas, a segunda 19 a última tem onze sílabas. E há uma quebra de linha não muito comum no mundo da poesia, a maneira como Marianne Moore desestrutura a entre a segunda linha e a terceira em “in” e deixa o “it” isolado, posto no inicio da terceira linha, e este esquema acaba por estar desajustado, tendo uma grande pausa de uma quebra de linha seguindo uma simples palavra “in”, que nos esforça a terminar a frase marcada pela virgula depois do “it”.
    A questão levantada, parece estar focalizada simplesmente ao ângulo negativo, porque ao ler, esforça-se a terminar a frase num ponto impróprio, gerando assim um certo desconforto para o leitor. E por outro lado, essa quebra de linha é positivo, pois, ela faz a segunda e terceira linha a rimar com “in” e “genuine” caso alguém lesse em voz alta.
    Ao traduzir o “poetry”, há uma certa dificuldade em manter certos elementos como; a estrutura do original, o esquema da rima, por exemplo, temos “I, too, dislike it”, “Reading it” traduzindo “eu também não gosto dela” e “lendo-a”. Desta feita, perde-se a qualidade rítmica através do pronome lítico “a”. E também me foi difícil traduzir e compreender muito bem a segunda frase da primeira linha da última estrofe «imaginary gardends with real toods in them» e «literalists of the imagination».
    Contudo, depois de analise do poema e das dificuldades da tradução, de forma muito sintética digo que a característica do mundo da poesia é liberdade. O poema mostra-nos que, há uma liberdade ao estilo, a linguagem e a estrutura usada na literatura.

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  9. The expression " imaginary garden with real toads" is one of the loudest voice in the history of Modernist poetry. Marianne Moore, the poet who voices for the modernism world in North America, writes 《Poetry》to tell readers the way to recognize and write " true" poetry , along with the ultimate requirement of poetry writing.
    《Poetry》was firstly published in 1919, the 2nd year since Moore moved to live in New York. (Later she corrected this poem for 6 times and eventually only 4 lines were left. The version I will analyse is the version of 1935. )In this city full of innovative spirit, she read much Avant-garde poetry. Also, she got to know and was influenced by poets such as Ezra Pound and T.S Eliot. The latter one's concept of "depersonalization" becomes the compass of the writing of 《Poetry》. In this poem, she removes herself from the position of author, together with her subjective emotion. Instead, she just behaved as an observer, a thinker and a narrator.
    The title of this poem is clear and direct. "Poetry" is the theme and at the same time the target to be discussed. The form of the poem isn't ordered. However, Moore's language is natural and colloquial in syntax. In the 1st strofe, instead of saying " I don't like it either", Moore uses " I, too, dislike it" , a reference to a recorded conversation of a young boy who claimed he didn't like poetry", for emphasizing the irony, and expressing the opinion that she doesn't like the hypocritical gesture of poetry. Then in the part after "however", Moore points out "someone(readers)" can also find a place for "genuine" in poetry.
    "Genuine" is the word which is repeated for 2 times in the poem. On the 2nd time , at the end of the poem, it is described as the ultimate goal that poetry should achieve. On the 1st time , after "however", "genuine" makes a pair of contradiction with the part before "however". Similarly, "imaginary", "imagination" are also repeated in this poem. Moreover, the author always makes a pair of contradiction existing together. For example, in the phrase " literalist of imagination" , which is a reference to William Butler Yeats' critique , Moore gives the definition of "poet". Here, she combines two characteristics('being a literalist' and ' have imagination") which seem totally different from each other, using in an outstanding rhetoric. In the following strofes, Moore makes the poem an exhibition of imagination and free/random association of various images. " The pair of contradiction "Different animals" and " school books" makes an association in the 2nd and 3rd strofe. Animals are examples of things that are quotidian and yet rich and vital. In the statement about animals, Moore is inspired by her experience in observing and investigating animals. Furthermore, she makes the animals she describes into those surrealist images. Similarly, in the famous " imaginary garden with real toads" , Moore makes an juxtaposition between creature in real life (real toads) and a surrealist image(an imaginary garden), creating a collision of private vision with the outside world. In the last strofe, " the raw material of poetry " is consistent with "genuine feeling"—— If you demand poetry constituted of this two components, you are indeed " interested in poetry".


    Chenxi

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  10. “Poetry” teve várias incarnações: o poema original foi publicado em 1935 na antologia “Selected Poems”, seguido de Collected Poems em 1951. A última versão, a mais célebre, foi adaptada do poema original de 38 versos para apenas 4. Esta última versão é, para alguns críticos e académicos, uma esfinge, pois, segundo eles, não é possível apreender a mensagem do poema em toda a sua plenitude.
    Os versos de Marianne Moore revelam duas ideias opostas, “raw material” e “genuine”, que circundam uma força, a qual, para mim, é o verdadeiro elogio do poema, a imaginação.
    William Carlos Williams, na tentativa de fazer com que a sua mulher compreendesse a sua poesia, dedicou-lhe um poema, “January Morning”, onde escreveu: “All this was for you, old woman. I wanted to write a poem that you would understand. For what good is it to me if you can't understand it?” No entanto, para compreender poesia, não basta uma leitura superficial, o leitor tem que querer entrar nela, incarnar nela, para poder extrair sentido da poesia. Torna-se, assim, essencial dar uma parte de nós para descodificar, ou, pelo menos, tentar descodificar, os versos do poeta.
    Nos versos de Marianne Moore, particularmente nos dois primeiros versos, a antagonia a que me referia acima é evidente nas palavras “dislike”, “contempt” ou “ fiddle”. Se pensarmos, por exemplo, na poesia de Robert Creeley (que de início, não passava do mais puro “fiddle para mim, e que, por vezes, ainda o é, devido, talvez, à minha limitada imaginação), é necessário muito mais do que uma vontade de descodificar simbolismos ou esfinges secretas para poder sentir a sua obra, torna-se crucial escavar mais fundo e entrar no próprio, se assim o podemos chamar, “jogo linguístico” para que os seus versos façam sentido. Pelo menos, para quem percebe pouco de poesia, como é o meu caso. E se escavarmos um pouco mais fundo em “Poetry” torna-se claro que para lá de todo o “fiddle” há lugar para o “genuine”, como podemos ler no Quinto verso do poema.
    É curioso como a primeira palavra do poema, um pronome, “I”, bebe um pouco de “eyes”, no sexto verso, como se sugerisse precisamente esse olhar atento, esse olhar imaginativo, que vê para além da superfície e se insere nos próprios versos.
    A métrica dos versos em ”Poetry” e a forma como terminam entre ideias, parecem sugerir aos leitores que há algo mais para ler, para descobrir, que só poderá ser apreendido se mergulharem mais fundo.
    As gradações e as aliterações na primeira estrófe, “hands that can grasp, eyes that can dilate, hair that can rise” parecem tentar despertar os nossos sentidos e imaginação para algo mais, para o que nos rodeia e que a qualquer momento o sensorial, as experiências do que sentimos em silêncio, imaginando, pode transfigurar-se desse “material cru” para o “genuine”: “…nor is it valid to discriminate against “business documents and school-books; all these phenomena are important”. É curioso como o poema me fez lembrar uma teoria um pouco, perdoem-me, “geek”, a teoria do caos: as mais pequenas coisas, as coisas mais insignificantes, podem ter repercussões enormes no futuro. Não podemos, por isso, desviar o olhar das coisas que nos rodeiam: “imaginary gardens with real toads in them”.

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  11. O título do poema já revela o seu tema: “Poetry”. O locutor afirma que, assim como o leitor, “dislike it”. Descobrimos mais tarde no poema que esse “it” não se refere a todo tipo de poesia, mas sim a falsa poesia, escritas por “half poets”. No primeiro verso do poema e também ao longo de todo o texto poético o locutor dirige-se diretamente ao leitor: “I, too, dislike it”. Ao dizer que ele também não gosta ‘disso’, o locutor tenta se aproximar da experiência do leitor, mostrar que ele não é o único e que nesse aspecto são semelhantes. O mesmo ocorre com o uso do pronome “we” no poema: “that we do not admire what we cannot understand”.

    Na primeira estrofe do poema, o locutor afirma que podemos encontrar na poesia um lugar para o “genuine”. Moore coloca aqui experiências corporais que podem ocorrer ao se ler poesia: “hand that can grasp, eyes that can dilate, hair that can riseif it must”. Na segunda estrofe, o locutor exprime seus pensamentos acerca das poesias feitas por “half poets”. Esse tipo de poesia é tão derivativo que se torna inteligível e não conseguimos admirá-los porque não conseguimos compreendê-los. Para explicitar essa incompreensão da poesia, Moore compara tentar entender esse tipo de poesia com tentar entender certas atividades de animais, citadas no poema: “the bat holding on upside down or in quest of something to eat, elephants pushing, a wild horse taking a roll, a tireless wolf under a tree”. A partir do fim da terceira estrofe e início da quarta, o poema apresenta pouco a pouco a definição do que é a verdadeira poesia. Essa definição começa com a citação de uma parte da frase de Leo Tolstoy que procura definir poesia estabelecendo o que não é poesia: “business documents and school books". Na quarta estrofe surge outra citação, dessa vez de William Butler Yates descrevendo as experiências poéticas de William Blake: “literalist of the imagination”. Dessa maneira, a poesia só pode ser genuína se há o real e o imaginado: “imaginary gardens with real toads in them”.

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  12. O poema "Poetry", de Marianne Moore, começa com uma conotação negativa, "I, too, dislike it", que parece ser comum a mais alguém para além do sujeito poético, de acordo com a palavra "too".
    Percebemos que o sujeito poético fala sobre poesia, não só pelo próprio título do poema, "Poetry", mas também pelo verbo "Reading", no terceiro verso. Percebemos também que, para o sujeito poético, a poesia é uma espécie de batota ("fiddle"). No entanto, a palavra "however", no terceiro verso, anuncia o contrário do que foi dito, e os próximos versos assumem uma conotação positiva, "a place for the genuine", quinto verso. De seguida, podemos questionar-nos se o sujeito poético estará a comparar poesia com o ser humano ou a personificá-la: "Hands that can grasp, eyes/ that can dilate, hair that can rise".
    Na última estrofe, o sujeito poético apresenta-nos como a poesia deve ser: "its rawness and/ (...)/ genuine".

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  13. O poema “Poetry” de Marianne Moore, fruto da poesia modernista norteamericana, foi publicado pela primeira vez em 1919. A versão analisada foi publicada em 1935 na obra “Selected Poems.” Utiliza versos livres, linguagem simples e uma métrica “syllabics”, em inglês, que causa uma estranheza na composição dos versos, já que para total compreensão é preciso “encaixar” os versos um no outro.
    O título “Poetry” é o tema geral do poema e sugere que a poesia deve ser algo puro, não por uma interpretação sonora “not because a high sounding interpretation” (algo que soa importante, mas não é), mas porque ela é útil, real.
    A autora faz uma critica de que poesia feita por “half poets” (uma poesia difícil de compreender), não é poesia.

    Na primeira estrofe, são utilizadas metonímias para representar as pessoas “hands that can grasp, eyes that can dilate” para dizer que há coisas em poesia que nos afetam. Na segunda estrofe, “we not admire what we cannot understand”, Moore reforça que não apreciamos poesia que não compreendemos e ela utiliza, ironicamente, metáfora com animais para representar como o leitor de sente diante de poesia imcompreensível, mal feita “the bat holding on upside down or in quest of something to eat, elephants pushing, a wild horse taking a roll” coisas que não fazem sentido.

    Em relação à citações, neste poema aparecem três, sendo a primeira “business documents and school-books” do escritor russo Leo Tolstoy, a segunda “literalists of the imagination” – do poeta irlandês William Buttler Yeats e a tercaira “imaginary gardens with real toads in them” acredita-se que é da própria Marianne Moore, que é justamente sobre o que este poema sugere para fazer poesia: utilizar a imaginação mas também a realidade.

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  14. O poema “Poetry” na sua versão original surge em 1919, foi reformulado várias vezes ao longo dos anos, foi encurtado para estar de acordo com os outros poemas do livro “Selected poems” em 1935, e em 1967 Marianne Moore reduziu-o às 5 primeiras estrofes.
    A escrita de Marianne Moore tem como característica o verso livre sem rima, típico do modernismo e um imagismo sensual para expressar os valores espirituais individuais assim como uma inovação na métrica. Os seus poemas imagéticos são capazes de expressar os seus pensamentos de forma precisa e sugerem uma variedade de ideias. A sua escrita demonstra uma perceção moral e inteletual de uma observação precisa do detalhe possivelmente relacionada com a sua formação académica na área da biologia.
    Marianne Moore traz o tom de conversa à poesia, utilizando o verso em prosa.
    Além de subtil e irónica no tom, a linguagem de Moore é natural e coloquial na sintaxe o que nos envolve na leitura.
    Ao lermos o poema “Poetry” deparamo-nos com uma leitura/interpretação algo complicada, no entanto a envolvência da escrita leva-nos a crer ler mais para descobrir o conteúdo do mesmo. A autora concorda com alguém e faz uma crítica a quem escreve intitulando-os de meios poetas. A autora faz a defesa da poesia através da crítica à má poesia/maus poetas que destroem a poesia no seu sentido mais belo.
    O título leva-nos a pensar que o poema será a descrição do que é a poesia, mas ao explorá-lo chegamos à conclusão que afinal é sobre o que deveria ser a poesia ou como deveria ser escrita.
    A autora faz alusão aos críticos de poesia que não se apercebem da má poesia que se faz. Usa uma comparação “ the immovable critic twitching his skin like a horse that feels a flea”, um crítico insensível que belisca a pele como um cavalo quando sente uma pulga para demonstrar que a crítica é insensível a esta má poesia que se torna algo sem importância, porque o efeito que uma pulga pode ter na pele de um cavalo é nulo. Ou seja a má poesia metaforicamente torna-nos idiotas e é uma falha dos críticos.
    “business documents and school books” é uma citação de Tolstoy que escreveu,
    “Poetry is verse: prose is not verse, or else poetry is everything with the exception of business documents and school books.” Ou seja se não se faz poesia autêntica, então qualquer escrito pode ser considerado poesia, até mesmo documentos comerciais e livros escolares.
    A autora diz também que temos de distinguir entre ser famoso e ser poeta, mas não ser o que autora etitula de “meios poetas” (pessoas que escrevem poesia do tipo derivative and unintelligible) e geram a não poesia. Os poetas tem de ser originais e imaginativos - “literalists of imagination”, citação de William Yeats – e conseguir apresentar “imaginary gardens with real toads in them”, ou seja conseguir combinar os valores da imaginação com o mundo real. Só através desta dicotomia se consegue criar poesia.
    A autora finaliza o poema dando instruções ao leitor que só será considerado um amante da poesia se exigir aos poetas que criem algo autêntico, e que para isso usem a imaginação assim como o real, ou seja a poesia é a imaginação ligada à realidade.

    Ana Cristina Almeida

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