sábado, 4 de março de 2017

9 de Março: Leituras de Daniel Katz (p. 63-70), Gideon Toury (71-84), Hart Crane (85-87))

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1. Que questões levanta o texto de Daniel Katz (excertos de introdução e primeiro capítulo de American Modernism's Expatriate Scene) sobre uma das linhas condutoras deste Seminário: Estados Unidos e Tradução?
What questions are raised by Daniel Katz's  text in respect to one of the driving topics of this Seminar: US and Translation?

2. Em que medida é que aquilo que leram (quer no texto de Katz quer no de G. Toury) coincide ou interfere com o célebre postulado de Gideon Toury: "as traduções são factos da cultura de chegada"?
To what extend do the issues discussed, both in Katz's and G. Toury's text, agree with or challenge the famous dictum by Gideon Toury: "translations are facts of the target culture"?

3. Concentrando-se na parte do poema "The Tunnel" (por sua vez uma das partes do poema longo The Bridge de Hart Crane) que se inicia "Whose head is swinging from the swollen strap?" e termina "Did you deny the ticket, Poe?" (p. 86), pensem quais seriam os principais problemas de tradução e como os enquadrariam dentro das normas enunciadas por Gideon Toury.
Focussing on the excerpt of "The Tunnel" (itself a part of the longer poem The Bridge by H. Crane) starting with Whose head is swinging from the swollen strap?" and ending "Did you deny the ticket, Poe?" (p. 86), determine which would be the main translation problems and how could they be surmised under Gideon Toury's norms.

Optional: If you want you may present a translation into Portuguese of the above-mentioned excerpt by Hart Crane. Also, note that this is a poem full of references but a visit to this site might help:  http://sites.jmu.edu/thebridge/category/the-tunnel/

4 comentários:

  1. 1. A relação entre Estados Unidos e tradução é desde logo abordada a propósito do fenómeno da expatriação, tão próximo do movimento modernista. O autor refere a importância que tem sido atribuída à tradução no âmbito dos estudos sobre o modernismo, dando como exemplo a obra de Steven Yao’s, Translation and the Languages of Modernism, que destaca a importância da prática da tradução e da reflexão teórica sobre tradução não apenas para Poe, mas para todo o movimento modernista de língua inglesa. Segundo D. Katz, os modernistas encaravam a tradução como uma das formas de encontro com as línguas estrangeiras, «an encounter which entails the forced re-encounter with the language which is meant to be one’s “own”». O autor questiona algumas oposições comuns — nativist/internationalist ou cosmopolitan/universalist — presentes no modernismo para a partir delas iniciar uma reflexão sobre identidade linguística e pertença cultural, questões evocadas pela expatriação e que se relacionam também com a tradução. Visa igualmente analisar a forma como a tradução se integra num projecto modernista mais amplo de tradução cultural e a influência desta na construção de «certain modernist textual subjectivities». Afirmando que a expatriação deve ser entendida como uma forma de identidade americana, o autor procura estudar as repercussões desse fenómeno na relação do indivíduo com a língua materna e com a tradução. No primeiro capítulo, a afirmação de Theodor Adorno — «Every intelectual in emigration is, without exception, mutilated, and does well to aknowledge it to himself» — serve de mote a uma reflexão sobre a posição ocupada pela língua. Quarenta anos antes de Adorno, a mesma questão fora pensada por Henry James, que reflectiu então sobre a posição do inglês americano. O intelectual expropriado da sua língua, de Adorno, surge aqui em contraste com uma língua desprovida de posição. A questão da posição linguística dialoga também com a tradução; como refere o autor, a questão de então era: «how does one live when one’s language is itself a “translation”, when the native tongue has been separated from its conditions of nativity?»
    Beatriz C.

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  2. Daniel Katz levanta a questão da importância da tradução dentro da idade do Modernismo. De acordo com ele, a tradução para os modernistas seria uma das formas de “encontrar” a língua estrangeira, encontro que implica o re-encontro forçado com a sua própria língua. Tomando em conta dessa ideia de reencontro com a sua própria língua, Katz reflete acerca da posição da língua e da literatura americana em relação a outras literaturas anglófonas europeias. Ele acredita que a língua americana é uma língua que foi expropriada, distanciada da sua “raiz”. Ele se questiona como se pode viver quando a sua própria língua materna é uma “tradução”, quando uma língua nativa foi separada das suas condições de natividade? Sob essa perspectiva, não somente a literatura americana é “traduzida”, mas a própria língua americana também está em constante “tradução”. Se considerando essas ideias, como afirma o próprio autor, a expatriação é uma forma altamente venerável de “identidade Americana”, pois é uma característica crucial da linguagem americana. O texto apresenta uma citação de Paul Giles que ilustra bem como os estudos americanos poderiam ser tratados levando em conta essas ideias: “a virtual American studies should be organized around a more general idiom of dislocation and estrangement, serving to interrogate not only the boundaries of the nation-state, but also the particular values associated to explicity or implicity with it” (p. 3).

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  3. No processo de analisar os principais problemas de tradução, no início , queria analisar o extraodinário estilo de escrita deste autor. Ele gosta muito de arcaísmo. E geralmente há muitas referências e intertextos nas suas obras. Nas suas obras, ele dá o cor de fantasia e ilusão para todas as partes que são relevantes ou irrelevantes sobre os temas. Por exemplo, no poema de 《The Tunnel》,ele considera os Estados Unidos como uma rapsódia de mistério, que está cheia dos elementos fantásticos. Por exemplo, ele compara o sistema de metro de Nova Iorque como o diabo de fantasmas.
    Então é tão óbvio que aqui existem dois problemas de tradução : 1. Como para concretizar os conceitos abstratos ; 2. Como para escolher e decidir as expressões equivalentes ou mais adequadas na língua chegada. E vamos rever o que Gideon Toury disse, as traduções são fatos da cultura de chegada. A língua chegada é a portadora da cultura chegada. Com os conhecimentos das línguas destes dois lados, o tradutor tem o espaço para calcular e decidir ( infelizmente não tenho nenhuma inspiração ).

    Chenxi Xia

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  4. "(...) in retrospect, deviant instances of behavior may be found to have effected changes in the very system. This is why they constitute an important field of study, as long as they are regarded as what they have really been and are not put indiscriminately into one basket with all the rest. Implied are intriguing questions such as who is 'allowed' by a culture to introduce changes and under what circumstances [negritos meus] such changes may be expected to occur and/or be accepted." (G. Toury, p. 81)

    Daniel Katz escreve que, devido ao distanciamento de Henry James de uma identidade americana, o mesmo acabou por se tornar um americano arquétipo para Ezra Pound. E, na leitura de Pound, por isso mesmo, um investigador modelo da questão cultural americana. Para James, e segundo D. Katz, o “estrangeiro” (ou, pelo menos, a ideia disso) torna-se imprescindível para criar o “doméstico”. No entanto, aquilo que é doméstico é, em certa medida, aquilo a que algo ou alguém pertence: se essa domesticidade é alimentada pelo que vem de fora, como é que se dá esse sentimento de pertença? Uma resposta possível encontra-se precisamente na tradução. Isto é, esse encontro com a pertença – com uma casa linguística e cultural – dá-se através de uma língua que é tradução em si mesma. Ao se socorrer deste meio, desta língua de ninguém, universos de referência tão diferentes e distantes acabam por tornar possível uma rede de conexões e sentido.

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