quinta-feira, 5 de novembro de 2015

William Carlos Williams - imaginary translation and translations from the Spanish Cancioneros

- read W C W's "imaginary translation" in p. 163 of the anthology and think of his purpose in producing such a genre as "imaginary translation"

William Carlos Williams' translations from the Spanish Cancioneros. Focus especially on Williams' versions of the songs "El Alba nos mira" (p. 161) and "Alamos del prado" (p. 162), from 1913 (p.155-156 and 154-155, respectively) and 1936 (p.158-9 and160, respectively). Choose one and comment on what their differences indicate about translation procedures and the avoidance (or enhancement) of deforming tendencies.

13 comentários:

  1. Não se sabe muito bem sobre quais os motivos pelos quais William Carlos Williams apresentou aquele tema como sendo uma tradução imaginária. O único motivo que parece mais provável é que o poema que ele apresenta como sendo uma tradução de um poema espanhol não existe na realidade. Se bem que, a grande beleza da tradução imaginária é que não há nada no próprio poema que indique que não exista um original na língua espanhola. Além disso, trata-se de um poema que menciona diversos poetas de nacionalidades diversas que vieram de vários cantos do mundo: Grécia, Inglaterra, França e China. Em resumo, isto trata-se da junção de vários nomes importantes na História da poesia misturada com o estilo poético que narra a simples beleza de tudo de William Carlos Williams.

    As versões de Williams da canção "El Alba nos mira" revela maioritariamente uma mudança do registo entre a primeira e a segunda versão da tradução. Mudança, essa, que depende da vontade e julgamento do poeta que pode optar por usar um discurso elevado e extremamente poético (como ao fazer a tradução “be up –away my treasure”) como pode mais tarde mudar de ideias e preferir usar um discurso igualmente poético mas mais próximo da linguagem do dia-a-dia (por exemplo, ao traduzir na segunda versão “Get up and go”). Esta mudança no registo revela que o tradutor resolveu, na segunda versão, não voltar a usar a tendência deformante conhecida como “enobrecimento” que faz uma tradução parecer mais exagerada que o próprio original e decidiu respeitar mais a forma do texto e usar uma linguagem mais normal e menos exageradamente pomposa e talvez arcaica “N’er grew pleasure and unimpeded”. Em resumo, são poucas as ocasiões em que um tradutor se pode dar ao luxo de mudar uma tradução sua, mesmo quando não se sente realmente satisfeito; mas quando surge a oportunidade, há que mudar todas as partes que desagradaram e que não se revelaram fidedignas e tentar aproximar a tradução do original e tentar ficarmos satisfeitos com a nossa própria tradução.

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  2. Williams describes “Hymn to Love Ended” as an “imaginary translation” (since there is no original) from the Spanish, which immediately takes the reader back to his translations of “El Romancero”, as well as to his close relationship with the Spanish Language.
    In fact, this spring-related poem could be regarded as autobiographical exercise of creativity, as some scholars seem to believe that Williams intentionally introduced some puns in the poem, namely “hymn” for “him” or “will (“who will besides”) for William.
    Therefore, this “figurative” translation could be overall regarded as a translation not from another text but from another (cultural) persona of William Carlos Williams, especially if we take into consideration the references to foreign poets (Shakespeare, Dante, Goethe) and the fact that, at some point, Williams began to drift away from the ideas advocated by Pound and Eliot, who he believed were too attached to the European culture.
    Considering the above, as well as the somewhat innovative structure of the poem itself, “Hymn to Love Ended” could have been a way for Williams to come closer to his contemporary modernist poets without admitting it, by calling the poem a translation. Another conclusion that could be drawn is that, through his poetry, and this poem in particular, Williams translated the interaction occurring within himself of his two cultures, American and Hispanic.

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  4. O facto de William Carlos Williams ter crescido num ambiente em que não só o inglês mas também o espanhol o influenciaram poderá indicar que, na cabeça do autor, embora fosse o inglês a língua dominante, as suas ideias eram por vezes formuladas em espanhol. No fundo, pode-se chamar “tradução” ao simples ato de escrever, no sentido em que a escrita é uma passagem dos nossos pensamentos de um “mundo abstrato” (a mente) para um “mundo concreto” (por exemplo, para um papel), ou seja, quando materializamos esses pensamentos. E, para além dessa, também se poderá caracterizar uma tradução dos sons, de melodias. Nesta aceção, será que se pode afirmar que, se o poeta pensa numa língua mas escreve noutra, não estará este, na verdade, a traduzir os seus próprios pensamentos? Embora não se possa considerar uma tradução, visto ser necessário um texto de partida sobre o qual se trabalha. Não que este não exista propriamente, mas não lhe é possível aceder.
    Deste modo, William Carlos Williams “distorce” o tempo e o espaço ao “invocar” vários autores, criando um diálogo intercultural, intergeracional e internacional.

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  7. Williams' imaginary translation is a peculiar thing. I'll illustrate using "the red wheelbarrow". This poem actually gets its inspiration through an imaginary translation of hiw own poem "brilliant sad son". Sad Sun is a visual representation, while Wheelbarrow is a minimalist abstraction. In Sad Sun, a woman recalls her experiences from France and Peurto Rico. To go on nostalgically about something can be translated into Spanish by saying "hacer de carretilla", evoking an image of knowledge being brought with you in a wheelbarrow. The woman in the poem is called Rose, so Williams further extrapolated to Rose's wheelbarrow, and at this point 'the red wheelbarrow' is a simple connection to make.

    So translation in this sense is not transferring language signs into another language, but transferring something deeper, the poem under the poem. Therefore Hymn to Love Ended doesn't mention that it's an imaginary translation to signal that it's not his own poem, but it justifies the use of romantic images (from the Spanish Romancero). I think he did this to reconcile his Spanish heritage with American modernism, as to not 'betray' either. This process of imaginary translation can be at the level of the word (thewheelbarrow, for instance), or the entire poem (more a question of themes, hymn to love, for instance). Mostly both go hand in hand, and finding all of them can be tricky.

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  8. William Carlos Williams (1883-1963), foi um poeta dos Estados Unidos que desenvolveu a sua arte em contato com as vanguardas de Nova Iorque, e desde os seus primeiros versos (The tempers, 1913) demonstrou a influência recebida pelos poetas como E.Pound. W.Carlos sintetizou o seu estilo poético através a frase: “No ideas but in things” no poema A sort of a song de 1944. Segundo W.Carlos os poetas deveriam abandonar as formas poéticas tradicionais para tentar de olhar o mundo em maneira direta, através o uso duma linguagem e duma forma mais próxima do sujeito.

    Sobretudo fazendo uma comparação entre as suas traduções, da mesma canção espanhola “Alamos del prado”, presentes nas obras The tempers (1916) e Adam & Eve & The City (1936), é possivel ver como a influência imagista do amigo E.Pound funde-se com uma poética da concretude, do real, da semplificação da linguagem, duma “linguagem da experiencia”. Esta tentativa de encontrar uma forma mais possivel “nua” e perfeita, que W.Carlos fez ao longo do tempo, pode-se explicar, por exemplo, através a terceira estrofe da versão de W.Carlos de 1913 em que temos:

    “With good right I may wonder/For that at my last leaving”

    que na versão de 1936 muda para:

    “Justly may I wonder/Since at my leaving”

    W.Carlos empobre claramente os versos da segunda versão, reduzindo os significantes e usando uma linguagem mais direta. Outro exemplo pertence a última estrofe da versão de 1913, nos versos:

    “Since you are ware of my absence/God, wilt Thou give me patience”

    que na versão de 1936 muda para:

    “When you discover my absence/May God give me patience”

    Aqui, mais do que um empobrecimento quantitativo, W.Carlos tenta uma clarificação na linguagem que parece mais simples de se perceber. A segunda tradução deste poema acho-a mais próxima do original espanhol.

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  9. O poema “Hymn to Love Ended” de William Carlos Williams apresenta-se como uma tradução imaginária, apesar de não se saber ao certo se existe o poema original em espanhol. O facto de ele introduzir este novo conceito de “tradução imaginária” poderá significar uma espécie de fusão de diversas influências, nomeadamente a cultura americana e a língua espanhola. Além disso, o facto de ele não se apresentar como sendo o autor do poema original, nem identificar o nome ou título do poema original espanhol pode ser significativo, pois poderá querer dizer que Williams se identificou com o poema original e na tradução decidiu transformá-lo, refletindo algum carácter autobiográfico com referência a grandes nomes da literatura europeia como: Sappho, Villon, Shakespeare, Alighieri e Goethe; mas também da literatura chinesa, como Li Po. Estas influências poderão ter sido importantes para Williams enquanto poeta, mas também é possível que indique um desejo de ultrapassar o que já foi feito e criar algo novo, não esquecendo, no entanto, a tradição.
    As traduções de Williams da canção “Alamos del prado” mostram uma tentativa de manter o ritmo e o esquema rimático da canção original, no entanto existem diferenças entre a primeira e a segunda versão. Na primeira versão ocorre a tendência deformante de enobrecimento, visível nos seguintes versos: “All are slandering me” e “God, wilt Thou give me patience”; que no original ocorrem numa linguagem menos formal: “Murmurais de mí” e “Dios me dé paciencia” respetivamente. Na segunda versão esses mesmos versos perdem alguma da sua eloquência presente na primeira versão, aproximando-se mais do registo presente no original: “You murmur complaints of me” e “May God give me patience”. Penso que também está presente na primeira versão uma passagem do abstrato no original “Todos van diciendo” para o mais concreto na tradução “Each of you is telling”, condição que é normalizada e mais próxima do original na segunda versão “All of you are saying”.

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  10. “El alba nos mira” tem, nas suas duas traduções de WCW, uma diferença fundamental: se na primeira versão (1913) o poema respeita fielmente a estrutura rimática do original, na segunda versão (1936), isto acontece apenas onde não é colocado em causa o valor semântico, rítmico e/ou poético do TC. Inclusivamente, na versão de 1936 no fim da segunda estrofe, o refrão (invariável no original) é conjugado na voz passiva: “Get up and be gone” em vez de “Get up and go”. Este é um dos vários indicadores da maior liberdade na segunda versão da tradução. De facto, a restrição imposta pelo espartilho da rima torna a versão de 1913 pesada e intrincada, com constante recurso a traduções oblíquas (por exemplo, a compensação por ganho de “my treasure”, que não está patente no TP); empobrecimentos qualitativos (toda a alegoria do “temor” ser um “solícito alcauhete” é perdida em “Fear leaveth place,/That thou art here, no more unto unpleasure”) e um alongamento geral do poema que decorre da necessidade de compensar as perdas semânticas causadas pela matriz operacional (a estrutura rimática) do TP.
    A versão de 1936 é, consequentemente, muito mais fluida, embora perca em lirismo, pois a linguagem é muito mais direta, sendo a racionalização um expediente frequente (aplica-se o mesmo exemplo que referi anteriormente, que continua a diferir do TP, mas agora por outras razões: “Levántate que el temor/Es solicito alcauhete” -> “Pray be gone for my dread/No longer consents to your staying).

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  11. Após a leitura do poema "Hymn to Love Ended" de William Carlos Williams, creio que o motivo pelo qual caracteriza este poema de tradução imaginária é o facto de ter também crescido num ambiente espanhol e ter vivido a cultura espanhola, como os meus colegas acima mencionaram. Este poema não tem texto de partida mas, na minha opinião, o "texto de partida" de William Carlos Williams é a sua vivência na cultura espanhola. No fundo, este poema é uma tradução das suas emoções e pensamentos dessa época para palavras.

    Em relação à tradução de William Carlos Williams de "El Alba nos mira" constatei que existe uma mudança de registo. Houve uma tendência para enobrecer o texto de partida e tal pode ser verificado na primeira estrofe, em que utiliza linguagem de registo elevado (o que não acontece no texto de partida). Por exemplo, "Levántate y vete", que foi traduzido por "Be up - away, my treasure!"
    Além do enobrecimento, creio que também houve uma tendência para adicionar elementos que não constavam no original, talvez com o objectivo de clarificar mas, principalmente, com o objectivo de enobrecer mais uma vez, ainda que possa ter sido sem essa intenção. Por exemplo: "And morrow ends our meeting", que não se encontra no texto de partida.

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  12. Uma tradução imaginária não tem necessariamente de ter um texto original, o termo “imaginário”, neste caso em particular, a meu ver, implica a transição automática do pensamento para a escrita, da mente para o papel. Dadas as origens e influências espanholas de Williams, a sua tradução imaginária neste caso implica a tradução dos seus pensamentos, das suas experiências, da sua vida, se assim o quisermos entender. A meu ver, Williams está no fundo a traduzir as suas visões, as suas ideias e os seus sonhos, tendo em conta e, fazendo uso, das suas origens porto-riquenhas e a língua espanhola que lhe estava enraizada. Williams acredita que uma tradução imaginária deve ser uma ferramenta que possa ser usada da maneira que quem a use deseje com a intenção de transmitir o que lhe vai na alma.
    “I don’t care how I say what I must say. If I do original work, all well and good. But if I can say it (the matter of form I mean) by translating the work of others that also is available. What difference does it make?” – WCW, By Word of Mouth
    Criar uma obra do nada, transmitir o seu imaginário de uma forma autónoma e original é ótimo, mas que diferença faz se o pudermos fazer ao traduzir a obra de outrem?

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