One of the following
- read William Carlos Williams's "imaginary translation" in p. 185 of the anthology and think of his purpose in producing such a genre as "imaginary translation" - especially considering his experience of translating popular ballads (romances) from Spanish (for instance, the song "Alamos del Prado" with two versions, a definite one in p. 179 and an earlier one in p. 183-184), as well as contemporary Spanish poets such as Octavio Paz (p. 180-182).
- choose a mos striking passage of Octavio Paz's essay on Translation (189-194) and produce a commentary.
Hino ao Amor que Termina
ResponderEliminarPor que paixões extremas
passaste tu, Safo, até à paz
da canção imortal?
Tal como após uma doença, depois de uma seca
os ribeiros libertam-se e correm
inundando os campos de frescura
os pássaros bebendo em cada ramo
criaturas em todas as cavidades
gritando e cantando à profusão
de cores de um mundo a despertar.
Então,
findo o amor, ecoa acima dele uma música.
Afinal o que é o amor? Mas a música
é Villon vencido e abandonado
Shakespeare na caverna da sabedoria
olhando duvidoso para o mundo
Alighieri recomeçando tudo
Goethe cativado por uma rosa
Li Po o ébrio, cantores a quem
o amor derrotou –
A este elenco também os pássaros
e as criaturas ligeiras pertencem e todos
os que assim quiserem – quando o amor acabou
dando lugar a uma encantadora melodia.
Helder Ferreira
«The translator's starting point is not the language in movement that provides the poet's raw material but the fixed language of the poem. A language congealed, yet living. His procedure is the inverse of the poet's: he is not constructing an unalterable text from mobile characters; instead, he is dismantling the elements of the text, freeing the signs into circulation, then returning them to language». (p. 159)
ResponderEliminarEsta “linguagem fixa do poema” não deixa, para mim, de ser a “letra” sobre a qual Antoine Berman escreveu. E não é algo que não se move ou que não permite que uma interpretação, seja qual for, trespasse (cf. https://www.priberam.pt/DLPO/trespassar, ponto 7.) o poema. O processo de desmantelar os elementos do texto é isso mesmo: a sua interpretação. E, como o próprio Octavio Paz escreve, é algo tão natural como tentar explicar por outras palavras o que se acabou de ouvir ou ler. O suposto contraste entre poetas que escrevem “à vontade” e tradutores que levam modestamente um original em formato “chapa 5” para outra língua é falso. Não só porque é impossível traduzir desta maneira, mas também porque o poeta, embora, sem dúvida alguma, tenha toda a sua liberdade, tem inevitavelmente responsabilidade sobre a sua técnica, linguagem, inspiração, materiais, assunto, obra, etc. São estes alguns dos elementos que merecem ser desmantelados pelo tradutor, que lhe permitem reconhecer distinções: distinções verbais que “should be valued, since they stand for mental—intellectual—distinctions” (J. L. Borges, 2002, This Craft of Verse, p. 43).