quarta-feira, 3 de maio de 2017

T. P. C. para 11 de Maio - George Steiner e Jack Spicer

Duas opções

1. Procurar traduzir desde p. 239 antologia / p. 109 do ensaio de G. Steiner, Errata ("This is Why I believe") até p. 241 antologia /112 do ensaio  ("This is also part of the harvest of Babel") e dar aqui conta de algumas dificuldades.

2. Relacionar o pensamento de Steiner sobre a tradução com o manifesto por Jack Spicer na "correspondência" póstuma de After Lorca.

1 comentário:

  1. É por esta razão que penso que “teorias da tradução” é um termo arrogante e inadequado. O conceito de “teoria”, que pressupõe, evidentemente, experiências fundamentais e falsificações, é, quando invocado pelas humanidades, como disse anteriormente, em grande parte, errado. O seu prestígio na actual conjectura dos estudos humanísticos e académicos provém de uma tentativa lamentável de reproduzir a boa sorte, o estatuto público do puro e as ciências aplicadas. Os diagramas, as setas com as quais os “teóricos” da tradução adornam as suas propostas, são artificiais. Não provam nada. O que devemos analisar são os testemunhos erráticos e de uma rareza desencorajadora que herdamos do trabalho dos tradutores. Desde a antiguidade romana até ao presente, meia-dúzia de pensadores da língua e da tradução fizeram sugestões seminais. Eles não são, por razões manifestas, mais numerosos do que aqueles que tiveram algo de fundamental para nos ensinar sobre as acepções da música. Para além disto, temos a massa da tradução em si, a qual noventa por cento é imperfeita ou mera rotina, mas que inclui ainda pequenas pérolas de improbabilidade. Abordagens a este material, e às perguntas que levanta, são essencialmente intuitivas e descritivas. São narrativas de paciência. A rúbrica é, recorrendo a uma frase de Wittgenstein, a de uma “arte exacta”. Tentei demonstrar a poética e filosofia desta arte em Depois de Babel. O livro procurou explorar terreno, em grande parte, desconhecido e tem sido honrado através da pilhagem e plágio (habitualmente sem consentimento).

    O “movimento do espírito” (frase de Dante) em tradução quadruplica. Diante do texto, pressupomos que tem significado, por mais elusivo ou hermético que seja. Normalmente, fazemos este juízo sem sequer pensarmos. Assumimos, simplesmente, que o texto a traduzir faz sentido, que não é um mero aglomerado de gatafunhos ou um enigma indecifrável. Automaticamente, procedemos como se existisse um “sentido a determinar” e transferido. Esta suposição é, na verdade, audaz e carregada de consequência epistemológica. Baseia-se na convicção de que os marcadores semânticos têm conteúdo, de que a linguagem e o mundo ao qual esta se relaciona, e com o qual é relacionável, são correspondentemente significativos (sem “buracos negros”). Esta ideia espelha Descartes: a razão humana funciona apenas se nenhum génio maligno se intrometer na sua realidade, de forma a distorcer os nossos sentidos, ou de forma a alterar as regras de inferência e causalidade no centro da organização, o “jogo”, de percepção e conhecimento. Quaisquer destas opiniões operativas ou “lapsos de razão” em relação ao significado de palavras ou signos, têm, na sua origem, intuições ou vínculos psicológicos, filosóficos e, por fim, teológicos (é este o argumento fundamental de Presenças Reais [1989]). Estas intuições subscrevem – uma imagem reveladora – actos de fala e as traduções que surgem dela. A nível imediato, não podemos proceder sem ela.

    Para além da evidente perda qualitativa por causa de algumas paráfrases e omissões a que recorri, penso que a maior dificuldade que encontrei, para além de apurar o sentido do texto, o que não foi fácil, por vezes, foi reflectir na minha tradução o tom sardónico do original. Infelizmente, não consegui (acho que não se consegue, sob risco de "estragar" ainda mais a tradução) manter o trocadilho do original com a expressão italiana traduce. Por esta razão, recorri à nota do tradutor para tentar minimizar os estragos. Nota: Tradução parcial. Entregarei em papel a restante tradução.

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