quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Homework for December 10

Read Gerturde Stein's Paris France (starting p. 242 of the anthology + the correct pages I have sent you by email) and comment on:

1. Reflections on interculturality, intersemiotics and interlinguistics.

2. Which kind of discourse on translation and Modernism can be produced through reading these pages from Gertrude Stein?






2 comentários:

  1. 1. No texto “Paris France” de Gertrude Stein, a autora defende uma existência intercultural; quer isto dizer que, de acordo com Stein, todo aquele que deseja/ambiciona ser escritor(a) tem de ter mais do que um país, mais do que uma cultura para abraçar e se inspirar; tem de ser um país e uma cultura diferente daquela em que nascemos e a que pertencemos. Stein tem essa opinião pois para ela todos os que escrevem têm dois países: aqueles em que fomos criados desde nascença e mais outro que, apesar de não ser aquele em que nascemos e apesar de ter uma cultura diferente, é onde nos sentimos mais vivos e também mais inspirados por sinal.
    Para além de praticamente ficarmos a pertencer a dois mundos diferentes, também passamos a ser detentores de uma capacidade interlinguística onde dominamos não só a nossa língua materna como também a língua do segundo país. É isso que Stein quer dizer ao exemplificar que ela, enquanto nativa dos EUA, domina o inglês como também deve conseguir falar francês que é a língua daquele país que ela considerou ser aquele a que mais se agarrara e se inspirara.
    No que respeita à intersemiótica, Stein usa o exemplo da pintura “Man With The Hoe” de Jean-François Millet onde se tem uma representação perfeita da terra de França, o solo deles é tal como está representado no quadro, eles trabalham a terra tal como se vê no quadro e usam enxadas como está pintado. Quer isto dizer que a tradução intersemiótica pode muito bem ser usada como forma de traduzir a nossa representação de uma certa realidade (do nosso país de pertença ou do outro onde nos sentimos vivos e inspirados).

    2. Estas páginas escritas por Gertrude Stein fazem-nos pensar num discurso sobre tradução onde o tradutor tem de ser detentor de mais do que uma cultura e mais do que uma língua que domina a fim de conseguir levar a cabo uma tradução perfeita onde mostra aos seus leitores a beleza da língua e da cultura do texto de partida. Quer isto dizer que a interculturalidade e interlinguística tornar-nos-ão tradutores exímios que conhecem e abraçam o(s) lado(s) desconhecido(s) que os textos de chegada nos apresenta(m) e só assim é que seremos capazes de partilhar esse conhecimento na perfeição aos leitores da nossa tradução.
    A respeito do Modernismo, convém dizer que este texto de Stein nos mostram a grande tentativa de romper com o velho movimento tradicionalismo e tentavam valorizar o quotidiano (tal como no quadro de Millet onde não se vê mais nada a não ser um homem a trabalhar a terra, em França); e claro esse quotidiano não precisa de ser apenas de um único lugar mas de pelo menos mais um. Portanto, trata-se de um discurso sobre como o alargamento dos nossos horizontes (conhecer outras realidades quotidianas) podem enriquecer o nosso trabalho apreciadores das artes e da tradução dos ditos estrangeiros.

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  2. 1.
    Esta divisão entre “interculturality, intersemiotics and interlinguistics” faz-me pensar:
    em geral, à teoria da tradução de Roman Osipovich Jakobson (1896-1982), pensador russo, linguista do século XX, pioneiro da análise estrutural da linguagem, poesia e arte. Jakobson propôs a seguinte divisão entre os diferentes tipos de tradução: tradução intralinguística ou reformulação, que consiste na interpretação dos signos verbais por meio de outros signos da mesma língua; tradução interlinguística ou tradução propriamente dita, que consiste na interpretação dos signos verbais por meio de alguma outra língua; tradução intersemiótica ou transmutação, que consiste na interpretação dos signos verbais por meio de sistemas de signos não-verbais.
    no texto “Paris France” de Gertrude Stein, à importância duma cultura europeia/internacional na literatura novecentista, para os escritores modernistas, surrealistas, futuristas.

    Numa perspectiva interlinguística e intersemiótica, este texto é cheio de metáforas, que criam imagens sobre as tradições e os hábitos de duas culturas, duas línguas, dois mundos diferentes (França e Estados Unidos) mas próximos um dos outros. Denota-se a necessidade dos escritores, criar uma “língua comum”, estrangeira, que falasse não só através a escrita mas através a arte toda. A pintura, por exemplo, é uma destas formas de arte através a qual os artistas traduziram o novo mundo “intertextual” do século XX.

    San Francisco had lots of french peolpe in it.
    There was the smell of Paris in that.
    And we always for dinner had a roast of mutton, a gigot they called it, cooked the same way as when I went to school in Paris and potatoes in the butter around it, clean looking potatoes, not so dark as when they were cooked american. (Gertrude Stein)

    Numa perspectiva intralinguística/interlinguística, lembro-me da questão do exílio como necessidade dos escritores americanos modernistas, de acordo com Henry James na definição de “cosmopolite/cosmopolitan translator” como modelo de identidade americana.

    After all everybody, that is, everybody who writes is interested in living inside themselves in order to tell what is inside themselves. That is why writers have to have two countries, the one where they belong and the one in which they live really.
    (Gertrude Stein)

    2.
    Toury afirma que traduzir é uma atividade que envolve duas línguas e duas tradições culturais. O Modernismo foi um movimento que abriu as portas às diferenças culturais e Paris, era a capital cultural europeia dos anos vinte, do século XX. Não só os escritores americanos como Stein, Hemingway, Scott e Zelda Fitzgerald, viviam em Paris, mas também os portuguêses como Mário de Sá Carneiro, o espanhol Pablo Picasso, o suiço-italiano Alberto Giacometti, e muitos outros. Escritores, pintores e artistas do mundo uniram-se em nome da arte toda. E nesta cidade internacional, a função da tradução conquista um papel fundamental. Quanto um texto fosse mais traduzível, o seu valor literário tornava-se maior, dizia o italiano Bontempelli diretor da revista italiana escrita em francês, «900, Cahiers d'Italie et d'Europe». Ao contrário duma visão tradicionalista, fechada sobre o interesse só da própria cultura, o modernismo permite à tradução abrir-se a novos experimentos que ligam o texto às outras formas de arte, das varias culturas do mundo.

    I realised that a painting is always a flat surface and out of doors never is, and that out of doors is made up of air and a painting has no air, the air is replaced by a flat surface, and anything in a painting that imitates air is illustration and not art.
    (Gertrude Stein)

    Nesta nova perspectiva cosmopolita, a tradução conquista um papel importante, e passa a ser entendida não só como passagem duma língua para outra, mas como passagem entre às várias formas de representação, dos vários universos do mundo.

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